quarta-feira, 10 de junho de 2009

voltando aos anos de chumbo

Isso é um e-mail de um professor da usp, recebi hoje e fala de um dos episodios referentes à greve na universidade. leiam e PASMEM! estou chocada! cada dia tenho mais medo de policiais, bando de monstros, porcos



Prezados colegas, amigos e alunos,


estou estarrecido. Nunca pensei que ia viver isso na na nossa
universidade. Uma indignação enorme me fez deixar a assembléia de
professores no prédio da História e descer correndo para a reitoria.
A informação que tinha chegado à nós era de que o batalhão de choque
estava soltando bombas sobre os estudantes e funcionários na
reitoria. De alguma maneira, como professor, imaginei ter - junto
com outros colegas - a força necessária para arrefecer o conflito.
Era preciso evitar o pior, evitar que algum estudante se machucasse.
Tínhamos visto nos jornais no dia anterior, policiais com metralhadoras.

Chegando mais perto, uma fumaça enorme, estudantes correndo, e um
clima bastante ameaçador. Um aluno passou por nós dizendo que não
devíamos ficar ali. Retruquei: Não. Vamos ficar aqui.

Descemos mais um pouco e uma tropa de choque, cacetetes, bombas,
spray de pimenta, marchou em nossa direção.Subimos a calçada, que
passem ! Tratava de saber o que de fato ocorria, procurar
responsáveis, tentar negociar, verificar se alguém estava ferido.
Mais perto, um policial do batalhão - uns quinze - mandou a gente se
afastar. Dissemos que éramos professores. Se afastem! gritaram.
Somos professores! Eles jogaram spray de pimenta na nossa direção. O
Thomás que estava um pouco mais a frente, de carteirinha na mão,
recebeu o spray nos olhos. Saímos correndo. Uma bomba de gás caiu a
um metro dos meus pés. Parei um pouco e olhei na direção dos
policiais com toda a raiva que já pude sentir.

Um policial com uma bomba na mão olhou pra mim. Senti que iríamos
receber mais um presente da corporação. Estufei o peito e falei
gritando: Você vai jogar na gente? Somos professores! Você vai
jogar? O absurdo era tanto que fui mais absurdo ainda. Como eu podia
fazer um negócio desses? Mas fiz.

Não dava mais para ficar lá. Chamei a Vivian Urquidi e o Jorge
Machado para subir novamente até à História. O Thomás já tinha saído
porque mal conseguia abrir os olhos. Meus olhos também ardiam muito.

Eu só gostaria de saber: o que um professor de carteirinha na mão,
um outro com mochila nas costas, pasta em uma mão e blusa na outra,
outra professora com uma flor representam de perigo ao patrimônio da
USP? Gostaria de saber até onde a tese de preservação do patrimônio
se sustenta? Que espécie de comunicação e negociação é essa, que
coloca policiais cegos a serviço da Reitoria? Para onde fomos? Para
onde foi a experiência de 75 anos em produzir saber?

Saudações acadêmicas.

Um comentário:

conte sua história, mas com educação por favor...