sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Campanha: PUNAM O MEU BAIRRO


Tá rolando uma movimentação muito bacana do Instituto CicloBR, a CET e sociedade civil para implantar ciclofaixas em Moema - rota de milhares de ciclistas todos os dias e especialmente aos finais de semana, pois o bairro contempla parques do porte do Ibirapuera e das Bicicletas.

A idéia é utilizar o espaço que antes era destinado ao estacionamento de carros (considerada apropriação INDEVIDA do espaço PUBLICO) e criar ali uma via para bicicletas. Ninguém sai perdendo, já que veículos parados não contribuem na tão falada e venerada "fluidez".


Com a divulgação desse projeto no jornal Estadão a coisa começou a repercutir. Sem perder tempo, a rádio CBN promoveu na manhã de hoje, dia 22/10, um debate ao vivo durante o programa do Milton Jung.

Eu até consigo ser compreensiva com as pessoas que não sabem sair da bolha-metálica-de-4-rodas, procuro entender os argumentos e tento alertar para a questão da mobilidade urbana. Mas o caso dessa senhora extrapolou a paciência. Foi tão bizarro que o Valdson (um amigo ciclista que definitivamente não tem o que fazer da vida) tirou um tempinho pra transcrever as falas dessa cidadã que POR ACASO é PRESIDENTE da Associação dos Moradores de Moema AMAM - Lygia Horta.

Ela representa as pessoas que vivem e consomem naquele bairro e, sinceramente, tudo que senti foi vergonha alheia tamanho preconceito e ignorância. Não só pela questão das bicicletas, mas pelo desconhecimento das palavras CIVILIDADE e RESPEITO.

Entrem em contato c/a AMAM. gdr@sti.com.br ou e registrem suas reclamações!

Ouçam o debate (se tiverem estômago) e/ou leiam a transcrição aqui:

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-Como é que lá na associação tem se discutido isso e vocês recebem essa
possibilidade, Lygia?

-Bom, na associação nós não chegamos ainda a discutir isso porque isso é
um assunto muito novo, saiu hoje né, então nem deu tempo ainda de discutir.
Mas o que nós achamos em síntese geral é que se o, como é que se diz, se o
estacionamento de automóvel não é problema de quem adota andar de bicicleta,
segundo foi dito agora, ciclovia também não é problema dos moradores que os
ciclistas não tenham como transitar. Então fica assim elas por elas? Não é
assim que tem que funcionar. Eu acho o seguinte: as ruas aqui em Moema são
ruas estreitas, este bairro foi projetado por volta de 1915 do século passado,
portanto não se cogitava colocar ciclovia, não se cogitava naquela época o
excesso de tráfego, de trânsito, muita coisa não tinha. Então o que ficou
são ruas relativamente estreitas que não comportam a retirada de mais ainda 2
metros, só pra ciclista passear? Ou só pra privilegiar ciclistas que vem de
outros bairros e vem de passagem aqui pra Moema pra atingir o parque Ibirapuera
ou sei lá onde que eles querem ir? Não é justo isso. E nós já fomos
prejudicados com a falta de estacionamento aqui. Não é uma questão de quem
compra carro tem que guardar o carro por conta de quem compra carro. Não é
assim que as coisas funcionam. Também então nesse caso quem compra bicicleta
então é por conta deles andar de bicicleta pela rua, então o povo não tem
que ver nada com isso. E vai ser prejudicado em 2 metros a via pública?
Não...

-Porque a senhora chamava a atenção que uma ação como essa pode reduzir, ou
reduziria o espaço para os automóveis passarem por alí? O privilégio não
teria que ser dado primeiro ao transporte público?

-Bom, reduz tudo né? Reduz o transporte público, reduz o transporte
particular de carros e ainda tiram 2 metros dessas ruas que já estão
congestionadas...

-Mas esse espaço não é onde vai passar o ônibus?

-Como?

-Esses dois metros ao qual a senhora está se referindo não é onde vai passar
o ônibus?

-Esses 2 metros não seria só especificamente pra bicicleta?

(André explica)

-Dona Lygia, só pra gente... Então a senhora conseguiu enchergar então agora
como é que é isso. Dentro dessa perspectiva, como é que a senhora vê?

-Eu acho um absurdo. Eu acho um absurdo porque o que aconteceu aqui em Moema
foi o seguinte: nós tínhamos 3850 vagas de estacionamento de automóvel.

-Na rua?

-Na rua.

-Tá.

-A prefeitura retirou e colocou 1076 zona azul, pago. Quer dizer, nós
estacionávamos gratuitamente. Então isto está transtornando demais o
comércio.
O comércio de Moema já está grandemente prejudicado por causa desta falta de
estacionamento. Se o cliente chega num lugar, não pode parar, então ele vai
procurar outro lugar onde ele possa parar pra poder fazer as compras. E isto
nós já temos lojas fechando por causa disso. Agora, além de não termos mais
estes estacionamentos permitidos e esses 1076 são muito poucos apesar de serem
pagos e muito bem pagos, agora ainda vão colocar mais ciclovia pra prejudicar
mais ainda a vida do morador? Esse negócio de calçada larga na minha casa é
uma besteira. Que história é, que bobagem é essa? Ninguém tá querendo
calçada larga, ninguém falou em calçada. Nós estamos falando em leito de
rua.
Que, que, ocupado por, por bicicleta?? Ah, tenha paciência...

-É isso que eu queria entender. No que que a bicicleta aí na região
prejudicaria a região, dona Lygia?

-Porque prejudica?

-É isso que eu queria entender, porque que que a bicicleta na região
prejudicaria.

-Não é a bicicleta que prejudica. Nós aqui de Moema, da associação,
interferimos com a prefeirura há uns anos atrás pra feitura do parque das
bicicletas. Onde hoje é o parque das bicicletas no Ibirapuera iria ser outra
coisa completamente diferente. Nós interferimos e fizemos com que fizessem lá
no parque Ibirapuera o parque das bicicletas. Pra que a criançada, pra que as
pessoas tenham o direito de andar com suas bicicletas. Bicicleta não foi feita
pra ficar passeando no meio da rua, no meio de automóvel, no meio de
caminhão, no meio de ônibus. Não foi. Pra isso tem o parque Ibirapuera e o
parque das bicicletas. Pra que as pessoas possam passear, transitar, sem risco
de acidente, sossegado, sem risco de furto. Então eu não sou contra quem anda
de bicicleta. Meus filhos, minha filha, meus netos, têm bicicleta. Mas eles
transitam em lugar próprio.

(André fala que a lei garante o direito do ciclista de andar na rua)

-Não achamos que não tenha o direito de andar com bicicleta na rua. O senhor
interpretou de uma maneira errada. Ele interpretou de maneira errada.

-A senhora não acha, a senhora não tinha dito que achava que a bicicleta não
devia estar na rua?

-Não, não acho que bicicleta seja proibida de andar na rua. Isso é uma
interpretação muito infantil. O que eu acho é que não é justo que tire...
A bicicleta pode andar a vontade na rua. Mas desde que não interfira no
andamento de outros veículos também. Que não se privilegiem a ficar só eles
numa faixa e estreitando os outros, e deixando minguado o lugar onde carros e
ônibus vão passar.

(André fala que a zona azul privilegia o comércio)

-Não é verdade que os comerciantes estão felizes da vida com a zona azul.
Nós temos feito reunião toda semana, semanalmente, com comerciantes que
estão solicitando as vagas de volta, porque eles estão tendo prejuízo, eles
estão fechando as portas. É mentira esse negócio de dizer que o comércio
foi privilegiado com essa zona azul. Isso não existe. O que nos, o que os
comerciantes tem se queixado, e muito, e estão aflitos, e estão tendo
prejuízos, é justamente a falta da zona azul, da, aliás, é a falta da, do
estacionamento onde foi colocada a zona azul. Isso não existe, não é verdade
isso que esse senhor está falando.

-Dona Lygia, a senhora pretende levar essa discussão à CET, como é que a
senhora pretende atuar à frente da associação?

-Bom, alertar as pessoas pra que isso não aconteça. Porque não há
necessidade nenhuma de tirar esses 2 metros de... Agora outra coisa, se essa
ciclovia vai ser estendida por São Paulo inteiro, porque começar por Moema,
porque castigar Moema ainda mais do que já está com a falta de
estacionamento? Porque? Porque que Moema está sendo tão castigado? Porque?
Então que façam essa experiência em outros bairros, não aqui. Aqui não.
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Por esse motivo faço um apelo às autoridades (in)competentes:

PUNAM O MEU BAIRRO COM CICLOFAIXAS, CICLOVIAS, CICLOROTAS, CICLO QUALQUER COISA!!! VAI SER UM PRAZER PODER COMPARTILHAR A VIA COM AS BICICLETAS E VER FINALMENTE A CIDADE EVOLUINDO, CIVILIZADA, HUMANIZADA E FEITA PARA AS PESSOAS - e não para os carros.




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4 comentários:

  1. pelo amor de Deus, alguém passa o telefone dessa mulher!!!! Preciso falar umas coisinhas.. ahhaha

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  2. Alguém faça o favor de prender essa mulher!

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  3. Eita nós!!!! Quanta ignorância.
    Dá agonia de ouvir essa porta falando.

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